Prelúdio 6
Silvia Migdalek
Epígrafe
…o discurso analítico. “Na medida em que o defini como o laço social que emerge em nossos dias, esse discurso tem uma valor histórico a ser destacado. É certo que minha voz é débil para sustenta-lo, mas talvez seja melhor assim, porque, se ela fosse mais forte, talvez eu tivesse menos possibilidades de subsistir, quero dizer que me parece difícil, por toda a história, que os laços sociais até aqui prevalentes não façam calar a voz feita para sustentar outro discurso emergente. É o que sempre se viu até aqui, e não é por que não há mais inquisição que se deve crer que os laços que defini: o discurso do mestre, o discurso universitário, inclusive o discurso histérico-diabólico não sufocariam, se posso dizer, o que eu poderia ter de voz. Dito isso, enfim, eu, aí dentro, sou sujeito, estou ocupado com este assunto porque me pus a ex-sistir como analista. De nenhum modo, isto quer dizer que eu ache que tenho uma missão de verdade. Houve gente assim no passado, caíram de cabeça! Eu não tenho missão de verdade, posto que a verdade – insisto nisso – isso não pode dizer-se: só pode meio dizer-se. Regozijemo-nos que minha voz seja baixa. ( J. Lacan Seminário 22 RSI, inédito, clase 9, del 8 de abril de 1975 )