domingo, 29 de maio de 2011

TERCEIRO ENCONTRO INTERNACIONAL DA ESCOLA



O espírito do Encontro :

Durante três dias, em Paris, é-nos dada a oportunidade de reunir-nos e debater o tema decidido em Roma em julho 2010 : convite antes de mais para testemunhar, interrogar e desenvolver este tema de atualidade para nossa Escola que vem fazer escansão no trabalho de reflexão sobre a experiência do passe, depois de Roma e antes do Rio de Janeiro.
O interesse pelo tema e a sua acuidade impõem-se, tanto pela seriação da experiência como pelos resultados e com eles a abertura epistêmica introduzida pela « positivação do final da análise” a partir da satisfação final obtida, como afeto positivo de conclusão. Haverá que sintonizar os resultados e as opções. O Encontro será colocado sob o signo da experiência, experiência do passe vivida de ambos os lados do Atlântico e que prossegue há já uma década. Respeitando as particularidades históricas e analíticas locais e retomando as nossas opções, poderá resultar em uma melhor homogeneidade das práticas e das designações entre as zonas geográficas: condição sine qua non para que a experiência internacional da Escola siga produzindo um ensino vivo.
O tema permitirá, com o passe colocado no cerne da Escola, o exame das diversas modalidades de final produzidas e com as sequências, e avançar idéias que justifiquem o título acordado : há um período pós-passe que diz respeito à vida do passante, à Escola, e mais fundamentalmente à transformação da relação de cada um com a análise.
Para facilitar este trabalho, o Encontro será dividido em dois tempos :
Um primeiro dia, sexta-feira, intitulado « A Escola posta à prova do passe », será dedicado a um debate sobre o passador e sobre o AME, organizado em duas mesas redondas de cerca de 3 horas. Intervenções curtas introduzindo a questão serão seguidas por um amplo debate para o qual esperamos as contribuições dos AMEs e dos passadores em particular mas também de todos os que participam a este trabalho de Escola (passantes, AE, membros). O programa será construído a partir das solicitações de colegas de todas as zonas geográficas, proporcionalmente ao peso numérico de cada zona.

O segundo dia e o terceiro serão dedicados a palestras sobre o tema geral : « A análise, seus fins, suas sequências », com um programa elaborado a partir das intervenções propostas atendendo a uma chamada a comunicação. Recordamos que este evento substitui os Dias nacionais da EPFCL-França e será construído a partir de um modelo semelhante. A tarde do sábado será preenchida por intervenções em salas múltiplas, isto para permitir as intervenções de membros dos diferentes países presentes no Encontro, enquanto que a manhã do sábado e o domingo serão reservados a intervenções nas sessões plenárias.

O que está em jogo no Encontro Internacional da Escola : A análise, seus fins, suas consequências.

Sexta-feira, 9 de dezembro : A Escola posta à prova do passe :

O que está em jogo é claro e foi vislumbrado em Roma, a questão diz respeito a toda a Escola e poder-se-á responder a duas questões a partir de um fio condutor estabelecendo a homogeneidade das designações em todas as zonas, tendo por mira o reforço da dimensão internacional da Escola.
- O passador : O que é um passador ? Efeitos do testemunho sobre o passador? O que é um justo testemunho?
- O AME : Designação dos AMEs ? Quando e como designar um passador ? O passe muda os AMEs (Relação dos AMEs com a Escola)?
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Sábado 10 e domingo 11 de dezembro : 2° e 3° dias internacionais

Se em Roma durante o 2° Encontro internacional da Escola, alíngua, o Real e a nova definição do inconsciente (o falasser) foram amplamente abordados nas comunicações, este terceiro Encontro, na continuidade da experiência da Escola, deveria focar-se sobre uma positivação dos resultados da experiência, em relação com os avanços epistêmicos que os últimos textos do Lacan autorizam (historização, afetos de fim, Real tampão).
A análise não é nem interminável, nem se termina na depressão ou na exaltação, na dor ou por falta de combatentes. O final da análise já não é mistério, inefável, artísticamente confuso, ela é satisfação e até urgente satisfação. O inconsciente real, alíngua e este afeto de satisfação (do qual dever-se-á interrogar as formas, os meios de dar conta dele, a contribuição dos cartéis do passe) dá à análise um fim (mas também uma perspectiva, uma mira, um alvo) muito mais atraente que as negatividades de estrutura, os tormentos da castração ou a religião do furo. Assim, o texto do prefácio da edição inglesa do Seminário XI vem prolongar basculando-as as conclusões dos textos de l’Etourdit e a Nota Italiana: no fim, a tônica já não incide tanto sobre as perdas e as quedas, incide mais na identificação de uma satisfação que faz da análise uma experiência de mutação do afeto, uma experiência tocante também ao vivo, à experiência do viver: perspectivas dinâmicas para uma “análise viva” que deixa prever que o passe pelo Real não conduz nem ao solipsismo, nem ao cinismo mas antes pelo contrário anuncia o que tem chance de transformar em comunidade – e internacional – os dispersos díspares: consequências políticas que deverão ser analisadas pela Escola.

Conforme as épocas, conhecemos diferentes « modelos » de fim : travessia da fantasia, identificação ao sintoma, assunção da castração, estamos hoje perante uma questão crucial : qual é nossa concepção do Real ? Será que se trata apenas do real ligado aos efeitos de linguagem ou o será que o afeto de fim não assinalaria que a análise toca ao Real do vivo ? A elaboração dos gozos aos quais o falasser é confrontado permite extrair uma nova economia dispensada pela experiência de uma análise ? A borromeanização de RSI não autoriza uma leitura renovada do Real ? Como se articula este Real do vivo e o saber do inconsciente ?
A psicanálise é a única entre as disciplinas do conhecimento a situar corretamente o registro da falta e da perda, mas ela diz também (é o que os textos do Lacan dos anos 70 desenvolvem) o que se obtém da experiência : o positivo, o mais e as consequências que a operação comporta para aquele que nela se arrisca e a empurra até seu termo : fazer frente, construir uma resposta singular aos adventos do Real.
Vocês estão convidados a participar a estes dias que poderão vir a ser um evento maior se soubermos aproveitar a oportunidade, antes que voltemos a nos encontrar no Rio de Janeiro em julho 2012 sobre o tema : « O que responde o analista ? Ética e clínica. »

Albert Nguyên

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