sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cinema & Psicanálise - Novembro 09

A PEDRA DO REINO - Luiz Fernando Carvalho
(da Obra de Ariano Suassuna)


Em Taperoá, no sertão da Paraíba, Pedro Dinis Quaderna cresceu ouvindo histórias sobre sua descendência de dom Sebastião, o mítico rei português. Já adulto, seu sonho era restaurar o prestígio e a honra de sua família através de uma saga literária, juntando numa única obra referências eruditas, políticas e intelectuais, estabelecendo uma síntese, que chamou de “estilo régio”. O único problema para realização desse objetivo era o “cotoco”, uma proeminência óssea no final da coluna que o impedia de ficar sentado por muito tempo. Certo dia, o juiz corregedor do local recebeu uma carta anônima com denúncias contra ele e o intimou a prestar depoimento. Estava ali a oportunidade de Quaderna contar (em pé) todos os acontecimentos relacionados à sua vida, aproveitando seu próprio depoimento ao juiz como material bruto de sua saga.

No longo testemunho, dom Pedro Dinis Quaderna, como apreciava ser chamado, contou sua história: o sangrento movimento messiânico de seus antepassados na Pedra do Reino; a infância na fazenda de seu tio-padrinho Pedro Sebastião Garcia-Barreto; sua formação religiosa no Seminário da Paraíba, de onde foi expulso quando expôs suas idéias sobre um novo catolicismo; um mapa de tesouro enterrado, cujo local teria sido decifrado por seu padrinho; a morte de dom Pedro Sebastião, misteriosamente assassinado; o desaparecimento de seu filho predileto, Sinésio, dado como morto dois anos depois; o descaminho de seu filho bastardo, Silvestre, considerado meio doido e que se transformou em guia de cego; a associação do primogênito, Arésio, com o maior inimigo de dom Pedro Sebastião em vida – o usineiro Antônio de Moraes. O depoimento ao juiz foi datilografado por Margarida Torres Martins, uma balzaquiana pela qual Quaderna se sente irresistivelmente atraído, apesar de ser desprezado por ela.

Ao final do inquérito, o juiz, exasperado com as respostas de Quaderna e impossibilitado de extrair do depoimento um resultado lógico e coerente, considerou o intimado louco e o libertou. Quaderna pediu-lhe que o mantivesse preso, confessando que fora ele próprio quem escrevera a carta anônima com a denúncia, para utilizar o depoimento e escrever sua saga. Naquele instante, sob a aparência pitoresca e cômica de sua história, se revelou um Pedro Dinis Quaderna tocado pela tragédia. Aquilo comoveu a escrivã Margarida, que acabou se sentindo atraída por ele.

Por fim, o juiz satisfez o desejo de Quaderna, e na prisão de Taperoá, em 1938, ele escreveu sua história. Foi lá também que, numa noite, sonhou que era sagrado – por poetas, escritores e acadêmicos do Brasil e do mundo – rei da Távola Redonda da Literatura do Brasil.

Convidada: Maria Inês Cardoso (Mestra em Literatura Brasileira - UFC, Doutoranda em Literatura - USP)

Quando: 14/Nov (Sábado) - 15h00

Onde: Fórum do Campo Lacaniano - Fortaleza
Rua Leonardo Mota 1394 Sala 103 - Aldeota


Coordenação: Osvaldo Costa e Rodney Soares


*Atividade aberta ao público

Aviso - VIII Jornada do Fórum

"Sobre a VIII Jornada do FCL-Fortaleza:

Comunicamos que serão aceitos para avaliação pela comissão científica os trabalhos na íntegra enviados até o dia 22 de novembro.
Lembramos que cada trabalho deve constar de 5 laudas (times new roman tamanho 12, espaçamento duplo) e que só serão aceitos os trabalhos acompanhados da inscrição e comprovante de pagamento.
O e-mail para envio é fcl.fortaleza@ gmail.com

Atenciosamente,

Fabiano Rabêlo
Coordenador da Jornada"