Psicanálise em Cordel
Autor: Pedro Paulo Paulino
Para provar
que o Cordel
Com tudo se
comunica
E, como
literatura,
Atrás das
outras não fica,
Eu peço
condescendência
Para falar
na ciência
Que somente
Freud explica.
Pois foi
Sigmund Freud,
O gênio
neurologista,
Quem sondou
a alma humana
Sob outro
ponto de vista,
Tornando-se
pioneiro
Com fama no
mundo inteiro
Como
psicanalista.
Estudando o
psiquismo
Com funda
investigação,
Freud adota
novo método
Que inclui a
aplicação
Na pessoa
analisada
De uma
técnica chamada
De Livre
Associação
A cura pela
conversa
Entre médico
e paciente,
Eis a
metodologia
Que de modo
eficiente
Oferece
grande pista
Para o
psicanalista
Acessar o
inconsciente.
Convém aqui
destacar
A famosa
parceria
De Freud e
Joseph Breuer,
Cuja nova
teoria
Seria então
publicada
Numa obra
intitulada
“Estudos Sobre
a Histeria”.
O famoso
caso Bertha
Que nalguma
ocasião
Era incapaz
de falar
Sua língua,
o alemão,
Deu início à
jornada
Da que se
tornou chamada
“Cura de
conversação”.
A partir já
dos estudos
De Charcot,
Freud analisa
Os pacientes
tratados
E desde logo
divisa
Que a causa
é psicológica,
Não orgânica
– eis a lógica
Central da
sua pesquisa.
Seu trabalho
original
Trouxe um
novo entendimento
Ao conflito
que há entre
O desejo e o
sentimento,
E cuja
contradição
Torna
imperfeita a razão,
Sendo causa
de tormento.
Em famosas
conferências,
Freud expôs
suas razões,
Que foram
depois impressas
E ganharam
edições
Amplamente
traduzidas.
São bastante
conhecidas
As suas
Cinco Lições.
A primeira
delas trata
Do caso aqui
já citado
Da paciente
de Breuer
E seu drama complicado,
Com crises
de histeria
E acessos de
afasia,
Vivendo
presa ao passado.
Com
tratamento catártico
De sondar o
inconsciente
E descobrir
da moléstia
A causa
subjacente
(Usando
ainda hipnose),
Foi
combatida a neurose
E curada a
paciente.
Esse caso
tão famoso,
Além doutras
evidências,
Serviram de
base a Freud
Nas demais
experiências.
Pela sua
teoria,
Quem padece
de histeria,
Sofre de
reminiscências.
Vamos agora
abordar
Sua segunda
lição
Que trata da
resistência
De trazer
recordação
Ao estado consciente,
Que ele
chamou prontamente
Processo de
“repressão”.
Um desejo
violento
Sempre em
contrariedade
Às
aspirações morais
De uma
personalidade:
Entre o ego
do doente
E a ideia,
está presente
A
incompatibilidade.
Esse
conflito psíquico
Precisa ser
resolvido.
Pelo método
de Freud,
O paciente
assistido,
Mesmo em
estado normal
Traria à
tona, afinal,
Um
pensamento esquecido.
Conflito que
sempre traz
Ao paciente
a tortura
E, quanto
mais prolongado,
Mais o
desprazer perdura,
Cabe ao
psicanalista
A gloriosa
conquista
De enfim
alcançar a cura.
Já na
terceira lição,
O tema é
desenvolvido
Considerando
de um lado
O esforço
refletido,
E do outro,
a resistência
Pra trazer à
consciência
O complexo
reprimido.
Em outras
palavras, tudo
O que o
cientista quer
Dizer é que:
para a busca
Do desejado
é mister
Que o
médico, simplesmente,
Permita que
o paciente
Diga tudo o
que quiser.
Outro tema
ainda exposto
Nessa
terceira lição
São os
sonhos, para os quais
Freud tem
explicação,
Como se vê
adiante,
Tal como é muito
importante
A sua
interpretação.
O sonhos são
os desejos
Que ficaram
na memória.
Essa frase
já resume,
De forma
satisfatória,
O processo
de sonhar,
Sem ser
preciso apelar
Para arte
divinatória.
Pela análise
do sonhos
E profunda
observância
Das impressões
e dos fatos
Acontecidos
na infância,
Prevê-se a
sua influência
Em toda a
nossa existência,
Daí a sua
importância.
Freud, na
quarta lição,
Fala em
sexualidade
Que, segundo
a sua tese,
Já começa em
tenra idade;
Além dos
vários complexos
Relacionados
aos sexos,
Em qualquer
sociedade.
Segundo ele,
na infância,
Existem
vários sinais
De instintos
e atividades
Claras e
sexuais
Que vão se
tornar ativas,
Por fases
evolutivas,
Nos
indivíduos normais.
O sexo, em
seu entender,
Age de forma
segura
Na formação do
caráter,
Em toda e
qualquer cultura,
Mas, segundo
o seu estudo,
Pode ser o
conteúdo
De uma
neurose futura.
Abordando o
mesmo tema,
Mas já na
quinta lição,
Freud
analisa os sintomas
Ligados à
regressão
Para a fase
inicial
Da vida
sexual,
Quando
existe repressão.
Certas
moléstias nervosas
Têm sua
etiologia
Em traumas
sexuais
Que se vão
mostrar um dia
Como fuga à
realidade,
Dominando na
vontade
Do doente a
fantasia.
Em suma,
Freud constata
Que, devido
à repressão,
O indivíduo
perde fontes
De energia
que lhe são
De
incontestável valor,
Elemento
propulsor
Para sua
formação.
Mas com a
psicanálise
E meios de
tratamento,
São anulados
desejos
Que só
provocam tormento.
Conduzida, a
ação mental
Produz em
si, afinal,
O próprio
medicamento.
Viva o psicanalista,
O detetive
da mente,
Com seu
trabalho importante,
Fundamentado
e decente,
Profissional
da ciência
Que provoca
a consciência
Para ouvir o
inconsciente.
Este cordel
talvez seja
O primeiro
freudiano,
Investigando
os mistérios
Profundos do
ser humano.
É, porém, de
tudo antes
Um apreço
aos integrantes
Do Campo
Lacaniano.
Pedro
Paulo Paulino
Campos,
Canindé, 13/01/16
Pedro
Paulo Paulino é um poeta, cordelista,
Jornalista prático e profissional em artes gráficas. Nasceu em 1967 em Vila
Campos, zona rural do município de Canindé - Ceará. A qualidade de seu trabalho
artístico valeu-lhe a alcunha de "Príncipe dos Poetas Canideenses".
Com vários folhetos publicados e participação em diversos livros e outras
publicações, como jornais, revistas e internet, Pedro mantém ainda o blog VILA
CAMPOS ONLINE de Informação e Cultura Regional. Maiores informações e
outros trabalhos do autor estão disponíveis em http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=95366
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