terça-feira, 12 de abril de 2011

CINEMA E PSICANÁLISE: RESSONÂNCIAS II

Filme: Sonata de Outono
Data: 09.04.11

Profissional convidada: Adriana Osterno

Nossa primeira sessão de cinema do Fórum de 2011, contou com a presença da Psicanalista Adriana Osterno, que trouxe considerações importantes sobre o filme Sonata de Outono, principalmente no que diz respeito a relação mãe-filha. Adriana ressaltou que para a menina, a questão da constituição subjetiva vai além do Complexo de Édipo. Ao passar pelo Édipo, a menina, como o menino, recebe do pai uma identificação viril responsável por sua constituição como sujeito, porém não recebe uma identificação especificamente feminina, porque o Outro, como tesouro dos significantes, não contém um significante específico do sexo feminino. Essa "reivindicação" por uma identificação feminina fica clara no filme a partir dos "apelos" de Eva a sua mãe, Charlotte, uma pianista de sucesso, que sempre viveu para sua carreira ignorando o marido, e as filhas (Eva e Helena, esta última, portadora de uma deficiência não revelada no filme). Depois da morte do companheiro da mãe, Leonardo, Eva escreve uma carta para mãe pedindo para que ela venha visitá-la. O encontro foi tenso e cheio de recordações dolorosas, que para nossa convidada, pode ser resumido nessa fala de Eva: "Mãe e filha, que mistura terrível de sentimentos, confusão e destruição. Tudo é possível e tudo se faz por amor e por preocupação. As cicatrizes da mãe são passadas para filha. As falhas da mãe são pagas pela filha. A infelicidade da mãe é a infelicidade da filha. Parece que o cordão umbilical nunca foi cortado. É isso?" Um dos pontos também discutido no debate foi o efeito desse encontro para mãe e filha. Para alguns, a mãe, muito narcisista, nunca se deu conta dos ressentimentos de Eva e achou aquela "lavagem-de-roupa-suja" desproporcional. Para outros, tanto mãe como filha foram afetadas pelo que se produziu nesse encontro: Para Eva, isso se mostrou na maneira como escreveu a segunda carta; para a mãe na nostalgia dessas palavras: "Está vendo aquele vilarejo? As luzes das casa estão acesas; as pessoas estão ocupadas com os afazeres da noite: alguns preparam o jantar, as crianças fazem a lição de casa... Eu me sinto tão deslocada! Tenho tanta saudade de casa, mas quando chego em casa, vejo que eu sinto saudade de alguma outra coisa".
Agradecemos a nossa convidada por nos proporcionar esse rico debate!
Elynes Barros

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